Término de Relacionamento

 Em Luto, Luto não Reconhecido

Quando você conheceu a pessoa por quem se encantou e se apaixonou, provavelmente não imaginava o quanto sofreria com o término de relacionamento. Infelizmente não podemos prever que a felicidade será eterna e nem que seremos correspondidos como desejamos.

Um relacionamento envolve emoções, companheirismo, amor, conquistas, conversas, objetivos compartilhados. Entretanto vários são os motivos que justificam o término da relação. Provavelmente a falta de dinheiro, dificuldade na comunicação, violência, traição, um novo amor, chegada do(s) filho(s), estar com esse alguém e se sentir sozinho(a), a falta do cuidado, da intimidade…
Mesmo diante de um relacionamento fadado ao fracasso, alguns tentam investir nessa relação, mas não tem sucesso. Por outro lado, outros preferem manter as aparências e permanecer em um relacionamento “pobre”, com uma convivência destrutiva pelo medo do desconhecido.

Quando o laço afetivo se desfaz

Com o resultado de uma separação, ficam as marcas da rejeição, angústia, humilhação, dor e frustração por não “reconhecer” a pessoa com a qual se conviveu. O quanto conheciam um ao outro e depois perceber que essa afinidade já não existe mais. Causando grande sofrimento e desamparo a pessoa “abandonada”. É muito comum frases do tipo: “Como pode fazer isso comigo”, “Não foi com esse homem / mulher que eu me casei”. Essa situação independe do tempo e do tipo de relação, se era um namoro, noivado ou casamento.

Quando alguém diz chega a um relacionamento é um luto extremamente difícil. Porque quando a relação é interrompida por morte, quem ficou recebe acolhimento. Mas, em situações de término de relacionamento, isso geralmente não acontece. Impossibilitando que essa pessoa elabore o luto. A pessoa abandonada sofre por essa dor e não encontra espaço para expressar seus sentimentos, o que chamamos de luto não reconhecido. O luto não reconhecido ocorre em situações nas quais o contexto social e o enlutado não reconhece a legitimidade da relação existente*.

Ocorre um luto pela “posição perdida”, quando a pessoa sai da sua vida deixa um lugar vazio. O que realizavam juntos: passeios, conversas, chegar em sua casa e saber que a pessoa estava lá, deixa de existir. Algo extremamente delicado, pois ele(a) era importante e você também gostaria do mesmo reconhecimento.

O Relacionamento Terminou! E agora, o que fazer?

CUIDAR-SE!
O mais importante no final de uma relação é vivenciar essa dor, chorar, sentir saudade. Além das dificuldades emocionais, vai perceber também, dificuldade para se concentrar em atividades diárias. Por outro lado, vai se questionar “Será que alguém vai me amar como ele(a) me amava?”, “Será que vou conseguir passar por este sofrimento”? Todos esses sentimentos são reações comuns e pertinentes neste processo.

No momento que você reconhecer o que está vivenciando e se permitir passar por todo esse processo doloroso, o medo dessa nova vida e as angústias tendem a passar. Em meio a este caos parece impossível pensar desta forma, mas a vida poderá ser ressignificada. E novas possibilidades podem surgir: um novo emprego, mudança no visual, uma viagem, trocar de carro, investir na educação dos filhos, um investimento pessoal. Por outro lado, algumas pessoas estão tão fragilizadas que evitam um novo relacionamento. Ao passo que outras, não conseguem tirar o outro da sua vida, pois monitoram a vida do(a) ex através de amigos, familiares e redes sociais. Porque é uma forma de preencher uma lacuna, de um relacionamento que já não existe mais. Por isso, alimentam uma situação desnecessária, se desgastando emocionalmente. Ficam voltadas apenas para essa perda.

Quem já passou
Por esta vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá
Pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou
Pra quem sofreu…
Vinicius de Moraes

Quando procurar ajuda?

Se você perceber que o tempo passou e a dor está mais intensa, pensamentos de baixa autoestima, ideações suicidas. Assim como identifica dificuldades que impedem o retorno para atividades cotidianas é fundamental procurar ajuda.
Entender que é um momento delicado em sua vida e que muitas vezes, as pessoas sofrem caladas com essa separação durante anos. Impossibilitando de seguir em frente com seus projetos. Mas é possível lidar com essa perda e assumir novos papéis.

Dessa forma, você precisa pensar, sentir e falar da sua dor. Assim, conseguirá lidar com o sofrimento e se reorganizar emocionalmente.

*Luto não reconhecido: Classificado na literatura entre perdas não reconhecias pela sociedade ou mesmo pelo enlutado. Assim como: chegada da aposentadoria, desaparecimentos, perda do emprego, perda gestacional e neonatal, perda da liberdade, perdas devido ao uso de drogas, perda do animal de estimação, término de relacionamento…


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