Luto do Homem

 Em Luto, Luto não Reconhecido

Ao longo da minha jornada como psicóloga, tenho acompanhado de perto homens que enfrentam perdas significativas em suas vidas. São histórias complexas, onde o luto se entrelaça com a masculinidade e o silêncio muitas vezes prevalece.

Perdas Invisíveis e suas Consequências

As perdas que esses homens atravessam são diversas e profundas, como abandono na infância, abuso sexual, amputação devido a acidente, filhos/pai assassinado, demissão realizada de forma inadequada, perda da mulher, morte do filho recém-nascido, perda dos bens materiais devido ao uso de drogas, morte da mãe com o diagnóstico de Alzheimer, divórcio, término de relacionamento, ideações e tentativas de suicídio, reprovação em processo seletivo, perda de amigos, separação dos pais, morte do pai com diagnóstico de câncer de próstata, período de encarceramento, mudança de cidade, paciente vivendo com HIV…. Esses eventos deixam marcas invisíveis que podem levar a uma série de desafios, incluindo depressão, dificuldade nos relacionamentos e problemas de saúde mental.

Compartilhando Experiências Reais

Nas sessões de terapia, ouvi relatos comoventes que ecoam a realidade desses homens. Um paciente compartilhou suas palavras angustiadas: “Por que tentar mais um dia, se já tentei todos os outros?”. Outro expressou sua dor dizendo: “Depois que meu filho morreu, as pessoas apoiavam apenas minha esposa. Era como se eu fosse invisível”. E ainda teve aquele que relatou: “Minha esposa disse que depressão era coisa de vagabundo, ela não entendia que eu realmente estava sofrendo”. Essas histórias revelam que muitos homens estão enfrentando suas jornadas de luto em silêncio, sem o reconhecimento merecido.

Luto do Homem: Realidade Não Reconhecida

Os homens são frequentemente encorajados a reprimir suas emoções e a manter uma fachada de força. Mas, isso não significa que eles não estejam sofrendo profundamente. O que torna essas jornadas ainda mais complexas é o fato de que, muitas vezes, o luto masculino não é reconhecido pela sociedade. É o que chamamos de um luto não reconhecido.

Abordagens Distintas do Luto

O luto masculino não segue o mesmo padrão observado nas mulheres. Os homens frequentemente adotam uma abordagem mais instrumental e reservada, em contraste com a tendência das mulheres de se abrirem mais facilmente e buscar apoio. Essa abordagem do luto do luto do homem, não o torna menos válido, apenas o molda de maneira singular.

Além das experiências mencionadas, é importante destacar o luto vivenciado pelos policiais, um grupo que enfrenta perigos e traumas únicos no cumprimento de seu dever. O luto do policial muitas vezes permanece oculto, e é fundamental reconhecer e apoiar esses profissionais em sua jornada de luto.

Os Impactos da Falta de Apoio

A ausência de apoio adequado pode ter sérias consequências, desde conflitos nos relacionamentos até isolamento, ideações suicidas e até o uso de álcool como forma de alívio. Às vezes, os homens recorrem a estratégias não saudáveis para lidar com seu luto, como se machucar fisicamente, na esperança de chamar a atenção para sua dor.

QUEBRANDO O ESTIGMA

Por que, então, muitos homens relutam em buscar ajuda quando estão sofrendo? Muitas vezes, é o medo, a insegurança e a vergonha que os mantêm em silêncio. A sociedade frequentemente associa pedir ajuda à fraqueza, quando, na verdade, é um ato de coragem e autocompaixão.

Para aprofundar sua compreensão sobre o luto e obter orientações adicionais, você pode baixar meu e-book sobre o assunto.

Agende um Horário para Apoio Individual

Se você ou alguém que você conhece está passando por um processo de luto e precisa de apoio, não hesite em entrar em contato para agendar uma sessão de terapia.

Entender e abordar o luto do homem é essencial para a nossa sociedade. Abrir espaços de acolhimento, diálogo e escuta sobre o luto masculino é o primeiro passo para quebrar o estigma e permitir que os homens compartilhem suas dores. Todos merecem a oportunidade de lamentar e ressignificar, independentemente de seu gênero. Juntos, podemos criar uma sociedade mais empática, onde a expressão do luto seja livre e respeitada.

Showing 2 comments
  • Mari
    Responder

    Olá eu queria uma ajuda…
    Mês que vem faz um ano que meu namorado/(ex) perdeu a mãe, ela estava com ele na moto, ele teve alguns arranhões e após uns 5 dias ela faleceu… Ele após ficou muito mal, mas sempre se demostrando forte, ajudando o pai e resolvendo todas as questões burocráticas.
    Eu sempre fiquei disposta a ser parceira dele, nunca o vi chorando, as vezes o via triste. Mas nunca cheguei a perguntar o que ele estava sentindo, não queria tocar no assunto por medo de magoa-ló, então o fazia rir, saíamos juntos, ficamos até mais grudados por um período…
    A mãe dele cuidava de uma irmã que era especial e nenhum dos irmãos dela ajudava, a tia convívia com ele desde pequeno. Logo, começaram-se as brigas na família, por causa de herança, uma tia querendo tirar a pensão do pai, processo daqui, processo de lá… Até o dia da primeira audiência estavamos bem, quando foi chegando o dia ele começou a se afastar de mim, eu entendia que ele estava preocupado, ansioso, e desapontado, por esta lidando com tudo isso. Como disse lá em cima, mês que vem completa um ano e ele terminou comigo. Dizendo que o problema é ele que não é nada comigo, mas que não quer. Eu fiquei magoada demais, e percebi que eu estava cobrando muito ele sobre o nosso relacionamento, pq ele estava se afastando e eu não aceitando, no passado passamos por problemas de traições por parte dele, e quando ele começou a se afastar, logo me despertou esse gatilho. De que ele poderia está com alguém, mesmo ele me dizendo que nem cabeça pra isso ele tem…
    “Aceitei” o termino e bloqueei ele das minhas redes, por também está sofrendo com a separação por ama-lo demais. 4 anos que estavamos juntos…
    Eu estou muito confusa, quero esta ao lado dele, quero que ele possa contar comigo. Mas eu sei que falhei, poderia ter feito muito mais por ele e por nós.
    E quero ele de volta, mas parece que realmente é um ponto final por parte dele.
    O que será que eu posso fazer? Estou mal, triste…

    • Cristiane Assumpção
      Responder

      Olá Mari,

      Lamento ler sobre a difícil situação que você está passando, o sofrimento enfrentado em um de término de relacionamento é semelhante à morte de alguém especial. Por isso, é compreensível que você esteja se sentindo confusa e triste, especialmente após um relacionamento de quatro anos.

      Primeiramente, é importante entender que a perda da mãe do seu namorado/ex é uma situação extremamente delicada e traumática. As pessoas lidam com o luto de maneiras diferentes, e pode ser que ele esteja passando por um processo muito complicado e doloroso – carga emocional que essa perda e as disputas familiares estão causando em sua vida.

      Quando ocorre a morte de alguém, as pessoas não sabem o que fazer, o que falar. Não vejo problema algum perguntar sobre como a pessoa se sente, o que poderia fazer para ajudar. Ele pode talvez até se sentir culpado com relação ao acidente e não teve espaço para expressar a sua dor.

      Nesse momento, o mais importante é cuidar de si mesma. Lide com suas próprias emoções e busque apoio de amigos, familiares ou até mesmo de um psicólogo, se achar necessário. Afinal, você também está enfrentando um luto.

      Quanto ao seu desejo de apoiar seu ex-namorado, é válido, mas você deve respeitar o espaço que ele parece ter pedido ao terminar o relacionamento. Ele pode precisar de tempo para lidar com o luto e outros desafios em sua vida.

      Lembre-se de que, às vezes, as pessoas precisam de espaço para processar suas emoções e encontrar o seu próprio caminho. Se ele decidir que deseja retomar o relacionamento no futuro, isso será uma escolha dele. Por enquanto, concentre-se em cuidar de si mesma e em seu próprio processo de autoconhecimento.

      Espero que as coisas se resolvam da melhor maneira possível para ambos. Seja gentil com si mesma durante este período desafiador.

      Se cuida, receba o meu carinho! 🤍

Deixe um comentário

Imagens de Acidentes - Cristiane AssumpçãoComo Superar o Luto - CRISTIANE ASSUMPÇÃO